Como tudo começou

“No princípio, Deus criou os céus e a terra”. Assim a Bíblia começa, a partir da ação de Deus na criação do universo. O relato deixa claro que Deus não acordou um belo dia e resolveu, de repente, criar o mundo. Houve por trás do seu ato um plano e um propósito. Estes ficarão claros mais tarde, mas por enquanto basta afirmar que as origens vieram dele, dessa forma. A primeira pergunta do homem é respondida na lata: O Ser Supremo falou e tudo apareceu.

Muito mais perguntas serão respondidas logo em seguida. Enquanto os pagãos lembravam apenas ecos da memória conjunta e acrescentavam detalhes míticos e místicos, o relato inspirado de Moisés é contido, compacto e conciso. Seu relato flui como poesia. Por trás da linguagem belíssima surge a verdade das origens de tudo. Os fatos fazem a felicidade do leitor e do ouvinte.

A plenitude de Deus está presente. O Espírito Santo paira sobre as águas: “o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas”. Ele parece estar sempre ligado à água, sobre a água na criação, dentro dela — mais intimamente presente, se possível —na imersão em Cristo. Para a primeira, ele traz ordem; para a segunda, a vida. E o “Façamos” de Deus não é direcionado a anjos, mas a ele próprio na sua dimensão tríplice. Somente Deus pode criar; a criatura nunca, desse jeito. Mesmo implícito e sutil, a Deidade faz parte da ação criadora, como só podia ser.

Desde já se percebe a santidade de Deus. Ele é outro, separado, distinto da criação. Criador e criação, duas categorias exclusivas. No princípio, existia somente Deus. Ele é de eternidade à eternidade, e mais nada.

Para o homem que fala sem nada acontecer, a criação ocorre de forma surpreendente. “Deus disse: ‘Que exista a luz’. E a luz começou a existir”. Com uma única palavra, as coisas começam a aparecer do nada, em sequência. Não se pode dizer: “com uma mera palavra”, pois esta palavra divina é qualquer coisa menos mera. É poderosa, pois o nada obedece para se tornar o algo. O homem já imaginou superpoderes, mas nada o prepara para a onipotência que brilha da primeira página da Bíblia.

O relato da criação alivia o coração, ao abrir a origem proposital do universo. “Eu sabia que tinha que haver um motivo para tudo isso!” Ao mesmo tempo, o mesmo relato assusta: “Que Deus é este?! O que ele pretende? O que ele quer de mim?”

A leitura da Bíblia promete responder tudo isso, e muito mais.