A organização da igreja no livro de Atos

Esta ordem funciona ao nível da congregação.

No X (antigo Twitter), o religioso Peter Leithart cita o autor Todd Penner que ressalta que o livro de Atos “está preocupado com as estruturas governamentais da igreja – tanto simbólicas (12º apóstolo) quanto práticas (os sete para servir às mesas, presbíteros em cada igreja)”.

De fato, o livro de Atos oferece bastante evidências para uma ordem fixa da estrutura da igreja desde os primeiros dias.

Segundo Penner, as narrativas de ordenação estão ligadas à difusão do Espírito:

Ciclo #1, Atos 1-2: Ordenação de Matias, o registro da morte de Judas, o dia de Pentecostes.

Ciclo #2, Atos 6-8: Ordenação dos sete diáconos, a morte de Estêvão, o “Pentecostes Samaritano” (frase do autor; embora haja diferenças significativas nas duas narrativas).

Ciclo #3 inverte a sequência em Atos 10-13: O Espírito vem sobre os gentios (aí sim momento parecido com o evento em Atos 2), a morte de Tiago (nota 1), a ordenação de Saulo e Barnabé. (nota 2)

A conclusão de Penner é que o livro de “Atos apresenta a igreja como um sistema organizado, especificamente, um sistema pneumatológico”.

O que o jargão teológico quer dizer é o seguinte: Sempre que há narrativas sobre a organização, ou estruturação, da igreja na primeira parte do livro de Atos, há também por perto uma narrativa sobre alguma manifestação do Espírito ocorrendo entre os fiéis.

O Espírito Santo foi dado de maneira miraculosa pela imposição das mãos dos apóstolos, Atos 8.18. Quando estes morreram, o elemento miraculoso cessou. Ademais, a imersão no Espírito em Atos 2 e 10 ocorreu apenas duas vezes. O que podemos tirar, portanto, desta observação do autor?

Cristo deu à igreja uma forma divina de trabalhar, com uma organização definida. É uma das marcas que identificam a igreja como sendo de Cristo. Seremos um corpo aprovado pelo Espírito quando seguirmos a sua revelação sobre como realizar o nosso trabalho. Ele não nos deixa largados sem ter noção. O livro de Atos revela bastante coisa quanto à estruturação congregacional.

A conformidade à ordem ou estrutura estabelecida pelo Espírito de Deus merece atenção especial, como Paulo escreveu para Tito: “A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí” Tito 1.5. Falar da ordem significa que existe um modelo a ser seguido, um padrão que deve ser respeitado em toda congregação.

Esta ordem funciona ao nível da congregação. No Novo Testamento não há nada acima dela. Esta simplicidade garante a possibilidade de uma congregação se manter fiel, quando ao seu redor outras estão se desviando da sã doutrina, pois o presbitério zela por ela. Um autor comentou o texto de Tito 1.5-9, sobre as qualificações dos presbíteros:

“A marca final e culminante de um presbítero é que ele é alguém que preza “a palavra fiel conforme ensinada” – isto é, o evangelho com toda a “sã doutrina” v. 9, que desenvolve o evangelho. Os presbíteros são homens do evangelho” (GTSB 2018, 1819).

A citação inicial ressalta que a igreja tem uma organização definida no Novo Testamento, esta organização é destacada como sendo determinante para as congregações e a estrutura da igreja é algo que expressa a presença e a obra do Espírito Santo.

(1) O texto original tinha: “morte de Pedro”, devido, provavelmente, à conjugação da morte de Tiago com a prisão de Pedro em Atos 12.
(2) A citação não explicou a presença das narrativas das mortes nos três ciclos. Talvez a obra do autor original tenha explicado. Porém, podemos perguntar: A estrutura da igreja a preparar para a missão e a perda de seus obreiros?

 

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