Pequenos vocábulos gregos: alogos

O termo derivado da palavra logos ocorre trẽs vezes no NT.

ἄλογος ─ Há estudos inumeráveis sobre o termo logos. Significa, entre muitas acepções, palavra ou raciocínio. Mas o termo com prefixo de privativo a- tem recebido pouca atenção, pois ocorre apenas três vezes no Novo Testamento, duas das quais são textos paralelos: At 25.27; 2Pe 2.12; Jd 10.

É deste termo onde tiramos a nossa palavra “ilógico”, a qual tem basicamente o mesmo sentido do termo grego.

No primeiro texto de At 25.27 a ideia do termo é algo irracional ou absurdo. No segundo e terceiro textos, de 2 Pedro e Judas, algumas pessoas são comparadas a animais irracionais, isto é, que agem por instinto ou pelas paixões (emoções).

Em Atos, o governador Festo pede a ajuda do rei Agripa para formar uma acusação oficial contra o apóstolo Paulo. Este tinha feito apelo a César, pelo direito romano de ser julgado pelo imperador, pois não via possibilidade de ser julgado justamente em Israel por causa dos judeus.

Festo disse: “Pois não me parece razoável enviar um preso sem especificar as acusações contra ele”. Outras versões vertem o verbo assim: “Pois me parece absurdo” (VFL); “não faz sentido” (NVT); “irrazoável” (BJ).

O termo grego aparece primeiro na frase, dando ênfase à natureza absurda de tal procedimento. Pois onde já se viu enviar uma pessoa presa para ser julgada sem ter por escrito as acusações contra ela?

Na verdade, Festo já tinha reconhecido a inocência de Paulo. Era dever dele soltá-lo. Usa linguagem branda, no caso, de político corrupto, pois enviar um preso sem registro da acusação podia ter-lhe custado a própria vida.

Hoje em dia, não é raro prender pessoas sem razão, ou fazer acusações sem base, mas nosso mundo não é conhecido pela sua justiça.

Em 2 Pedro e Judas, os falsos mestres são comparados a animais:

Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção!

Estes falsos mestres “têm vida física, mas não intelectual” (Bigg citado em CL). Suas paixões determinam suas decisões. Enxergam as pessoas como objetos do seu prazer; elas existem para seus experimentos ou para seu enriquecimento, isto é, para serem usadas.

Independente da área de vida em que atuam, as pessoas mundanas (mesmo religiosas) agem de forma irracional. O cristão, porém, é, de todos, o mais racional, pois presta a Deus um serviço logikēn — razoável, o “culto racional” Rm 12.1.

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