POR RANDAL MATHENY ─ No dia 21 deste mês meu nome e o nome da minha esposa foram citados em público como defensores do esforço conhecido como Colheita Brasil. Isso foi feito durante uma assembleia do Congresso Cristão do Nordeste, em São Gonçalo dos Campos (BA). Estavam presentes pessoas de muitos estados e de muitas congregações.
Imediatamente, depois da citação dos nossos nomes, alguém me procurou pedindo ajuda do Colheita Brasil, confirmando que as pessoas que ouviram me associaram com esse esforço.
Por causa dessa associação pública do meu nome com o esforço, tenho a obrigação, ao zelar pelo meu nome e pela minha reputação, de declarar que eu não apoio, e não recomendo, o Colheita Brasil.
Por sinal, o título deste artigo: “Não somos todos ‘Colheita Brasil’”, é uma referência ao slogan do esforço: “Somos todos Colheita Brasil”.
Os motivos por que não apoio o esforço são vários.
Primeiro, o Colheita Brasil declara que não é uma sociedade missionária, mas se coloca sim entre a congregação e obreiros enviados ao campo. Faz exigências, como entidade, dos dois lados. O representante da entidade, falando em nome dela, que fez apelo no Congresso no dia 21, disse com todas as letras: “Nós enviamos uma equipe (…)”. Dessa maneira, o Colheita Brasil assumiu função que é da igreja. (Ver artigo: “O que faz a igreja”, sobre quais as atividades necessárias da igreja.)
A irmandade americana se dividiu na virada do Século 19 para o 20 por causa da questão do instrumento de música na igreja e também porque a sociedade missionária levantava fundos das congregações e enviava obreiros para o evangelismo. É irônico que o Colheita Brasil diz que trabalha para unificar a irmandade, mas o efeito da sua existência é outro.
Segundo, uma importante afirmação do Colheita Brasil no seu website não condiz com a realidade. Na seção de perguntas frequentes, afirma: “O projeto Colheita Brasil não é ligado a nenhuma organização, mas totalmente ligado às igrejas de Cristo no Brasil. O projeto só é possível graças ao apoio dos irmãos e das congregações locais”.
Como, então, se explica que a equipe enviada para Boa Vista (RR), aparece num site de igreja americana, na sua página sobre missões (ver imagem acima), com foto da equipe e o seguinte texto: “Um dos nossos parceiros mais recentes é um novo trabalho missionário no Brasil. Sob a supervisão da Missão Grandes Cidades, duas famílias estão servindo em Boa Vista, Brasil. Eles estabeleceram uma comunidade eclesial crescente lá e também estão ministrando aos refugiados venezuelanos que chegam a Boa Vista”. Esta congregação americana, a Central em Amarillo, no Texas, é, e tem sido por décadas, a supervisora da MGC. É progressista e coloca mulheres na frente das assembleias. Assisti um vídeo de uma assembleia em que uma mulher fez a saudação e os avisos, outra ministrou um batismo e ainda outra mulher dirigiu a meditação da ceia.
Há três meses um presbítero da igreja Central de Amarillo falou à sua assembleia sobre Missões Grandes Cidades e mencionou equipes formadas por brasileiros como uma obra dessa entidade. Na mesma reunião, o diretor executivo da entidade MGC disse à assembleia de Central (Amarillo): “Vocês apoiam uma obra em Boa Vista, Brasil. (…) Seu apoio vai para a igreja Central em Campo Grande (MS) enquanto eles apoiam o trabalho em Boa Vista”.
É a congregação em Campo Grande (MS) que recebe os donativos dos brasileiros também. E é dessa congregação que surgiu o trabalho do Seminário SerCris. Trabalha junto com Missões Grandes Cidades e desta entidade recebe professores.
Portanto, o Colheita Brasil recebe dinheiro de fora, paralelamente, para fazer seu trabalho, sabe que este dinheiro tem destino para as equipes brasileiras, envia suas equipes para o Seminário SerCris, mas proclama aos quatro ventos que é uma obra totalmente custeada por brasileiros. Acaba servindo como uma frente para Missões Grandes Cidades, mesmo que inconscientemente.
Há entidades e congregações americanas envolvidas no Brasil, cujos propósitos são de tornar a igreja em mais uma denominação. As pessoas envolvidas recusam a assumir suas associações, e recusam a responder com clareza suas intenções.
O irmão Alan Nalley enviou um email um tempo atrás deixando isso claro, ao declarar que não participaria do evento “Conexões”, um trabalho associado a MGC, onde não se pode falar sobre doutrina, e acusou os integrantes da entidade de hipocrisia.
Todos estes fatos levam a uma terceira questão, a da sã doutrina. Não é à toa que se diz: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. O Colheita Brasil trabalha com pessoas e entidades que aceitam e divulgam falsas doutrinas. As conexões entre Missões Grandes Cidades e Colheita Brasil são inúmeras. Por meio de fundos e pessoal (como a equipe que enviou para Porto Alegre), procuram levar a igreja brasileira a ser mais uma entre tantas denominações.
Todos os que têm ligação com MGC e com o Colheita Brasil devem repudiar publicamente as doutrinas falsas que seus representantes e integrantes propagam, pois estas associações tornam os irmãos coniventes com a falsa doutrina e a dissolução destes grupos.
Eu recuso a ficar quieto mais, especialmente agora que meu nome e o nome da minha esposa foram citados como sendo defensores deste esforço inidôneo.
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