Nota: O seguinte texto faz parte de uma ampliação do livro: As palavras da fé, para uma eventual segunda edição.
Ele respondeu: “‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”. Lucas 10.27.
Jesus cita Deuteronômio 6.5 para o primeiro mandamento. Nos dois textos, ocorrem vários termos para descrever diversos aspectos do ser humano. Como devemos entender as várias partes do ser humano? W.C. Kaiser cita McBride em verbete sobre o termo hebraico meod, “força”:
As três partes de Deuteronômio 6.5, lebab (coração), nephesh (alma ou vida) e meod (grande intensidade), em vez de terem o sentido de diferentes esferas da psicologia bíblica, parecem ser palavras semanticamente concêntricas. Elas foram escolhidas para acentuar a singularidade absoluta da devoção pessoal a Deus. Desse modo lebab denota a intenção ou vontade do homem na sua totalidade; nephesh significa a pessoa total, uma unidade de carne, vontade e vitalidade; e meod ressalta o grau superlativo da consagração total a Yahweh (DITAT 801).
O que chamamos de anatomia humana bíblica, quanto ao seu íntimo, mostra diferenças grandes com o conceito moderno. Ilustração disso é o uso do termo coração. Para nós hoje, coração é a parte emocional do ser humano. Mas as Escrituras utilizam o termo de forma bem mais amplo, abrangendo pensamentos, decisões e, de um modo geral, da pessoa interior.
Boa ilustração disso pode ser vista em Provérbios 4.23, na tradução da NTLH. A maioria das versões vertem o texto de maneira mais literal, como a NAA: “De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. A NTLH esclarece bem o sentido do original: “Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos”.
Em contraste com esta verdade bíblica, o que mais se valoriza hoje é a parte sentimental ou emocional. Isso é contrário ao ensino bíblico, que coloca a compreensão (mente) e a decisão (vontade) acima de tudo. As pessoas hoje fazem muita confusão e seguem as emoções mesmo quando sabem que se deve fazer diferente.
O economista americano, Thomas Sowell, escreveu: “O problem não é que Johnny não pode ler. E o problem nem é que Johnny não pode pensar [isto é, raciocinar]. O problema é que Johnny nem sabe o que o pensar; ele o confunde com o sentimento”. Esta colocação descreve exatamente a situação no Brasil também, e em muitos países, pois a cultura, a política, a mídia e o entretenimento cultivam esta confusão a fim de manipular e vender. Isso tem repercussão direta na questão religiosa e espiritual.
Para termos uma postura diante de Deus como mulheres e homens responsáveis e dignos, é preciso não atribuir às emoções um papel que não merecem e que nem aguentam.
One Comment
Acrescentando algo. Em minha vida cristão eu aprendi ouvindo: “vivemos pela razão, não pela emoção”. Apesar de reconhecer que a fé tem mais a ver com a razão do que com a emoção, hoje mudei: “vivemos, nem pela razão, nem pela emoção, mas por fé em Deus e na Palavra dele”. Boa texto, Randal.