Algumas congregações, especialmente as que cancelaram suas reuniões durante o lockdown e utilizaram as transmissões ao vivo pela internet (as lives), sentem dificuldades agora em convencer muitos irmãos a voltarem a se reunir presencialmente.
Alguns pensam que é a mesma coisa ficar em casa assistindo as reuniões pela internet. Pensam assim porque, mesmo se reunindo presencialmente, eram espectadores consumistas, em vez de ativistas espirituais que procuravam edificar aos irmãos.
Mas a experiência não é a mesma. Online, não se pode, por exemplo, cantar hinos juntos. Acaba sendo uma pessoa cantando sozinha na direção e cada um na sua casa acompanhando o dirigente. Assim, não tem possibilidade de cumprir o mandamento do Senhor.
Veio a tecnologia que, apesar das vantagens, separa as pessoas mais ainda umas das outras. A promessa de conectividade é cumprida apenas parcialmente. O contato virtual acaba sendo insatisfatório. As pessoas mais conectadas se sentem mais solitárias do que nunca.
Um autor religioso que trabalha na área tecnológica escreveu:
“Para resistir ativamente à desumanização de grande parte da tecnologia digital, temos de fazer algo simples, mas muitas vezes difícil: temos de nos reunir.” —Samuel D. James
No primeiro século, não existia tecnologia que desestimulava os cristãos a se reunirem. Como, então, apresentar argumentos a favor das reuniões presenciais?
As primeiras congregações sofreram pressões para abandonar as suas reuniões e, mais ainda, abrir mão da sua missão de anunciar o evangelho de Cristo (ver, por exemplo, 1 Pedro 3.15). De repente, alguém podia se salvar, fisicamente, ausentando-se das reuniões e deixando de anunciar o evangelho. A tentação era grande. Provavelmente, pensavam assim: Por que sofrer agora? Deus não quer o nosso bem-estar?
Há evidências de que, em alguns locais durante perseguições, os cristãos se reuniam em cavernas como meio de se manterem fiéis como igreja. Tomaram cuidados mas não deixaram de se reunir, porque criam no seguinte princípio:
É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal. 1 Pedro 3.17.
O livro de Hebreus apresenta uma situação de discípulos perseguidos. O autor considera que a ausência física nas reuniões era sinal de abandono da fé. Lido dentro do seu contexto, Hebreus 10.25 não é pretexto para pressionar cristãos a congregarem. Era sim reconhecimento que a presença física em congregação era sinal de fidelidade e obediência.
É hora de pararmos de citar a velha frase que “ir à igreja não faz de você um cristão, assim como ficar sentado em uma garagem não faz de você um carro”. Com isso ninguém discute. Há muito mais que isso envolvido em ser cristão. Mas este fato óbvio, citado para justificar a desobediência ao Senhor, esquiva-se do ponto principal: Você não pode ser um cristão fiel quando você se ausenta das reuniões da congregação. Ponto.
Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Romanos 12.10a.