De Dewayne Bryant — Um dos equívocos mais problemáticos sobre a tradução da Bíblia é a ideia de que o significado original foi perdido com o tempo. Quanto se perdeu em inúmeras traduções de uma versão para outra? Se as Bíblias modernas nada mais são do que traduções de traduções de traduções, então a Bíblia é pouco mais do que a brincadeira de telefone mais famoso da história. De acordo com esta ideia, os ensinamentos originais de Jesus, Paulo ou qualquer outro escritor bíblico tornaram-se cada vez mais distorcidos ao longo do tempo e deveriam ser irrecuperáveis. Quem sabe o que eles ensinaram originalmente?
Esta ideia aparece ocasionalmente, mas é totalmente equivocada sobre como as versões são produzidas. Praticamente todas as traduções da Bíblia feitas nos últimos dois ou três séculos ─ com muito poucas exceções, como paráfrases (Bíblia Viva) ou versões defeituosas (Tradução do Novo Mundo) ─ não se baseiam em versões anteriores. A maioria dos tradutores volta aos idiomas originais.
Fazer uma tradução exata requer mais do que apenas a capacidade de ler o idioma. Significa também interagir com os manuscritos disponíveis. Às vezes, essas cópias diferem entre si, exigindo que os estudiosos decidam como um versículo pode ser lido quando a evidência dos manuscritos pode ter mais de uma leitura. Os escribas antigos cometeram erros ao copiar o texto bíblico. Mas antes de os cristãos se preocuparem se as suas Bíblias são exatas, eles devem saber que a esmagadora maioria destes erros é facilmente detectada e corrigida.
Na antiguidade, um escriba pode simplesmente ter escrito uma palavra incorretamente, invertendo duas letras dentro de uma palavra, pode ter omitido ou duplicado parte do texto ou inserido acidentalmente uma nota marginal em uma passagem. Esses são apenas alguns dos possíveis erros que os escribas antigos poderiam ter cometido, mas a maioria deles é bastante óbvia. Além disso, eles não têm qualquer relação com qualquer questão doutrinal significativa.
Novamente, quando hoje em dia os estudiosos produzem uma tradução da Bíblia, eles voltam aos manuscritos originais, onde examinam o texto, observando toda e qualquer questão significativa que possa ter influência no produto final. Eles não baseiam seu trabalho em versões anteriores em inglês ou, no caso, em português; eles retornam aos textos originais grego, hebraico e aramaico.
Se alguém afirma que a Bíblia não é confiável porque foi traduzida muitas vezes, essa pessoa tem alguns sérios conceitos errados sobre como funciona o processo de tradução. Se isso os impedir de levar a Bíblia a sério, talvez possamos esclarecê-los.
Dewayne é estudioso na Bíblia e professor de faculdade americana. Este texto faz parte de um artigo maior na revista Carolina Messenger.