POR JUNIOR PONSO ─ Já reparou como a palavra “sombra” aparece diversas vezes na Bíblia? Por volta de 85 vezes e significando coisas diferentes, dependendo do contexto.
Às vezes ela aparece ligada a algo passageiro, breve, como em 1Cr 29.15: “Diante de ti somos estrangeiros e forasteiros, como os nossos antepassados. Os nossos dias na terra são como uma sombra, sem esperança” NVI.
Outras, pode significar algo amedrontador e sinistro como em Jó 10.21: “antes que eu vá para o lugar do qual não há retorno, para a terra de sombras e densas trevas”.
Gostaria de destacar um significado dela que também encontramos nas Escrituras e que me agrada especialmente. É quando ela é ligada à ideia de algo que, apesar de existir, ainda não representa a totalidade daquilo que ela projeta. E é esse o significado que mais faz sentido para nós, quando pensamos em sombra.
Pense em uma sombra. Uma sombra qualquer. A sombra de uma árvore, a sombra de um avião, a sua própria sombra. Consegue ver algo em comum entre todas elas, além do fato de todas elas serem escuras?
Repare que, por mais que a sombra se esforce e mostre todos os detalhes daquilo que ela está projetando, nunca ela poderá mostrar com exatidão e totalidade aquilo que aparece na sombra.
A sombra de uma árvore frutífera, por exemplo, por mais fiel que seja, nunca poderá mostrar a beleza, a textura e o gosto da fruta verdadeira, nem a beleza e delicadeza de suas folhas.
A sombra de um avião poderá mostrar o contorno da aeronave e até o seu tamanho, mas nunca mostrará todos os detalhes altamente tecnológicos que fazem parte desse avião.
A sua sombra pode até ser bem fiel à sua pessoa, até conseguindo mostrar a sua altura e se você está ou não com uma barriga um pouco maior ou menor, mas nunca poderá mostrar a maravilha que representa o seu corpo internamente com todos os órgãos, células e estruturas que compõem o seu corpo.
Quando Moisés constrói o tabernáculo, mesmo seguindo todos os detalhes dados por Deus, encontramos em Hb 8.5 o escritor do livro dizendo que “eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus”. Mesmo com todos os detalhes dados por Deus, aquele tabernáculo era apenas sombra do verdadeiro que está nos céus, v. 2.
Assim também quando foi construído o templo por Salomão, mesmo com todos os detalhes e cuidados, era apenas sombra do verdadeiro, mostrando apenas uma pequena parte daquilo que é o real.
Em tudo isso, mais uma vez, ao olharmos cuidadosamente, encontramos Deus querendo se aproximar de seus filhos usando de todas as maneiras possíveis para que possamos desfrutar de sua presença. Mesmo sendo sombras do verdadeiro, nem de longe mostrando o que é a realidade, Deus se sujeitou a habitar o tabernáculo e o templo, ambos feitos por mãos humanas, para estar mais perto de nós.
Enquanto não desfrutamos da presença de Deus no santuário celestial, ele vem habitar no nosso tabernáculo, mesmo sendo um lugar não digno de sua santa presença, 1Co 3.16.
Nesse amor de Deus, inicialmente mostrando e usando sombras do que era o verdadeiro, ele nos trouxe não mais uma sombra, não mais um contorno imperfeito da realidade, mas nos deu Jesus Cristo. Esse sim é a revelação da perfeição, do mistério, o eterno propósito de Efésios 3.1-12, no qual temos agora a visão completa de Deus.
Graças a Deus por nos tirar das sombras e nos revelar a luz!
Junior e sua esposa Simone servem ao Senhor na congregação em Santo André SP.