O comentarista escocês William Barclay observou o seguinte numa das cartas que menciona o “beijo santo”.
“Por que esse adorável costume [do beijo santo] desapareceu da vida da igreja? Primeiro, desapareceu porque, por mais adorável que fosse, estava obviamente sujeito a abusos e, mais ainda, estava sujeito a interpretações errôneas por meio de calúnias pagãs. Em segundo lugar, desapareceu porque a igreja tornou-se cada vez menos uma comunhão. Nas pequenas congregações nos lares, onde amigos se encontravam com amigos e todos estavam intimamente ligados, era a coisa mais natural do mundo; mas, quando a comunhão da casa se tornou uma vasta congregação e a pequena sala se tornou uma grande igreja, a intimidade se perdeu e o beijo da paz se perdeu com ela. Pode muito bem ser que, com as nossas enormes congregações, tenhamos perdido alguma coisa, pois quanto maior e mais dispersa for uma congregação, mais difícil será para ela ser uma irmandade, onde as pessoas realmente se conhecem e realmente se amam. E, no entanto, uma igreja que é um conjunto de estranhos ou, na melhor das hipóteses, de conhecidos, não é uma igreja verdadeira no sentido mais profundo”.
O renomado comentarista sugere essas duas possibilidades. Tendo razão ou não, sua observação sobre a perda da intimidade dentro da igreja de Deus procede.
Aqueles que querem construir igrejas grandes, como as religiões, fariam bem em considerar que uma congregação como grande aglomeração de pessoas estranhas não é igreja de Deus. Ser família da fé, Gl 6.10, significa mais do sermos todos filhos de Deus. Significa viver como irmãos em família.
Nos esforços de construir congregações grandes, o surgimento de estruturas como as assim chamadas células é uma admissão silenciosa que tamanho foge do plano do Novo Testamento, então, há necessidade de criar algo para inserir de volta um pouco da fraternidade e vida em comum características da igreja que Jesus estabeleceu.
O beijo santo não é uma ordenança religiosa, como algumas denominações praticam. É uma prática de algumas sociedades de cumprimento e saudação. Algumas têm, outras não. Mas no Novo Testamento, as ordens apostólicas sinalizam que a fraternidade e a santidade pertencem solidamente no meio dos discípulos. Dessa maneira, podemos dizer: Haja beijo santo!
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Se entre um e o/a outro/a e se entre eu e o próximo há Cristo, não há motivos pra haver exageros. Infelizmente se tornou uma prática social, mas a paz ainda segue de outra forma como sorrisos e abraços.