O declínio da coragem

O russo Aleksandr Solzhenitsyn escreveu a respeito do seu tempo: “Deve ser notado que, desde os tempos antigos, o declínio da coragem tem sido considerado como o início do fim?”1

Se é assim, a falta de coragem na irmandade sinaliza que tempos turbulentos estão logo pela nossa frente. Aliás, já entramos nesses tempos, pois os falsos mestres surgiram no nosso meio e poucos fazem esforço para refutá-los.

As evidências do declínio de coragem incluem:

  1. o silêncio público;
  2. a frouxidão doutrinária;
  3. a aceitação denominacional;
  4. ausência da disciplina;
  5. conformidade forçada;
  6. imitação do mundo.

O amor ao Senhor e à sua verdade exige coragem, bem como o amor ao próximo e ao irmão. Fácil é falar palavras suaves e agradáveis que não ofendem e que não ajudam a ninguém. Contudo, o zelo pela casa de Deus consome o servo da justiça. Os inimigos do homem de Deus são os da própria família.

Por que as pessoas não tomam coragem para falar e enfrentar o erro? Talvez porque temam a crítica e a exclusão. Como o repórter que ousou noticiar o fim da Segunda Guerra Mundial, quando as autoridades não queriam publicar ainda o fato:

Anunciadores da verdade são difamados como traidores. Dissidentes são exilados. E um dia — seja em sete ou 30 anos — as mesmas pessoas que cancelam e condenam dirão baixinho: “Estávamos errados. Foi uma época conturbada. Não sabíamos o que estávamos fazendo”. Então, assim como fizeram com aquele repórter corajoso, tentarão reescrever a história, quando as consequências não mais recaírem sobre eles.

Daqui a 30 anos, ninguém poderá alegar que não sabia o que estava acontecendo, pois Jesus nos avisou, os apóstolos nos alertaram, a história nos apresenta inúmeros exemplos de tudo o que nos acontece hoje: falsos mestres surgem no nosso meio, líderes carismáticos criam divisões, a simplicidade bíblica é corrompida pelas complicações humanas, desvios ocorrem com base em argumentos pela conveniência e pela eficiência, a obra de Deus se centraliza cada vez mais nas mãos de poucos. Tudo isso é possível por causa do declínio da coragem, porque os santos ignoram os sinais, congratulam-se que os problemas estejam ocorrendo em outros lugares, falta o amor à irmandade em geral.

Falamos a verdade, não para ganhar notoriedade, nem por contrariedade, mas porque é correto e porque desse ato de coragem depende a salvação nossa e dos outros. Os bons resultados serão vistos em momento futuro, geralmente; os frutos não serão produzidos de imediato. O servo de Deus exerce paciência, confia na justiça divina e faz o seu trabalho olhando o dia da salvação.

Graças ao Deus soberano, não estamos no início do fim, pois ele usará mesmo o mal entre nós para realizar a sua obra. Porém, o declínio da coragem hoje significa que no dia final muitos serão impedidos de entrar na comunhão daquele que “pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” Hebreus 12.2b.


  1. A citação foi traduzida do inglês: “Should one point out that from ancient times declining courage has been considered the beginning of the end?” Foi tirada desta postagem no x.com 

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