POR BARRY NEWTON ─ O nosso mundo está repleto de questões controversas que vão da política às teorias científicas, das medidas sociais à religião. Entre o coro de vozes dissidentes nessa área religiosa, surgem perspectivas concorrentes em relação ao batismo.
Acredito que as Escrituras fornecem uma voz unificada e inequívoca, convidando-nos a confiar em Cristo no batismo, para que possamos receber os benefícios da morte de nosso Salvador. As minhas experiências também me levaram a concluir que uma grande barreira contra a aceitação deste entendimento não reside na falha das Escrituras em ensinar claramente sobre o batismo, mas sim em suposições falsas sobre a fé que estão negando a mensagem bíblica.
Como alguém poderia enfrentar tal cenário? Aqui está uma possibilidade.
Podemos observar que, às vezes, Lucas resumiu as conversões em Atos com uma frase ou palavra. Por exemplo, alguns sacerdotes “obedeciam à fé” Atos 6.7, enquanto muitas pessoas “se converteram ao Senhor” Atos 9.35. Nesses casos, Lucas não nos fornece detalhes específicos sobre como essas pessoas responderam ao evangelho.
Desta observação surge uma questão. Quando Lucas escreveu “eles creram” ou “muitos creram” Atos 4.4; 9.42; 11.21; 14.1; 17.12, etc., esses são mais exemplos de Lucas resumindo narrativas de conversão ou Lucas estava afirmando que eles apenas acreditaram?
Várias linhas de evidência revelam uma resposta. A primeira linha de evidência é que apenas breves narrativas de conversão descrevem a resposta de conversão como fé (crer). Como exemplo de uma narrativa resumida de conversão, tomemos, por exemplo, Atos 9.32-35. Depois que Pedro anunciou a Eneias: “Jesus Cristo vai curá-lo”, somos informados de que “todos os que viviam em Lida e Sarona o viram e se converteram ao Senhor” Atos 9.34-35. Ao escrever que eles “se converteram ao Senhor”, Lucas comunicou que a conversão ocorreu sem fornecer quaisquer detalhes sobre o que estava envolvido. Este é um exemplo de resumo da conversão.
Agora considere a história da conversão em Atos 4.4. “Mas muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil”. Como na história anterior, não temos nenhum diálogo nem uma descrição extensa do que aconteceu. Lucas queria que entendêssemos que “muitos creram” como uma declaração sumária. Ele indicou apenas que a conversão ocorreu, e não fez uma declaração exaustiva de tudo o que aconteceu. Este ponto torna-se mais forte quando observamos que toda vez que Lucas expande uma narrativa de conversão além de uma breve declaração sobre a fé, a fé é ligada ao batismo, Atos 2.41; 8.12; 16.14-15.
Além disso, à medida que as histórias de conversão se aprofundam na oferta de detalhes, como o diálogo, o batismo está sempre envolvido, Atos 2.37-41; 8.29-39; 9.2-19; 10.30-48; 16.27-34 etc. Em outras palavras, sempre que as narrativas de conversão vão além de uma breve declaração, Lucas nunca limita a descrição da conversão a uma simples declaração sobre alguém ter crido. Isso argumenta fortemente que Lucas usou o verbo “crer” para funcionar como converter-se e obedecer, ao comunicar que a conversão ocorreu e não que a conversão deles envolveu apenas a fé.
Segundo, em Atos 15.7, Lucas relatou que Pedro explicou seu envolvimento com a família de Cornélio assim: “Irmãos, vocês sabem que há muito tempo Deus me escolheu dentre vocês para que os gentios ouvissem de meus lábios a mensagem do evangelho e cressem”. Podemos saber que Lucas usou o verbo “crer” neste versículo para resumir os detalhes da conversão porque ao contar a narrativa expandida do evento ao que Pedro se refere em Atos 15, a família de Cornélio foi batizada nas águas, Atos 10.47-48.
Isso demonstra que Lucas se sentia confortável em usar o verbo “crer” para indicar que a conversão ocorreu sem especificar todos os detalhes.
Terceiro, observe como o batismo precede a afirmação do carcereiro ter “crido em Deus” Atos 16.33-34. Somente depois que o carcereiro é batizado é que ele finalmente comemora ter chegado à fé! Assim, o batismo parece ser necessário para se tornar um crente. Neste caso, a declaração anterior de Pedro ao carcereiro: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa” Atos 16.31, é funcionalmente equivalente a proclamar: “converta-se ao Senhor e será salvo”. Ambos exigem conversão sem delinear todos os detalhes.
O livro de Atos não revela duas respostas diferentes ao evangelho: uma envolvendo o batismo e outra sem ele. Em vez disso, quando Lucas desejava comunicar que as pessoas se voltavam para o Senhor, um de seus métodos incluía escrever a frase: “eles creram”. Assim, nada no livro dos Atos fornece evidência de que alguma conversão ocorreu sem o batismo.
A resposta apropriada ao evangelho é: “Por que não deveria ser batizado?” Atos 8.35-36.
Barry trabalhou no evangelho durante vários anos na cidade de Florianópolis. Este artigo foi traduzido da sua coluna na revista Forthright.