Um irmão fiel me disse que alguns estão dizendo que não pode tomar o livro de Atos para estabelecer a doutrina.
Por que fazem esta afirmação? Porque o livro conta como se converte a Cristo, pela fé e obediência, mostrando o papel central da imersão na água para o perdão dos pecados. Estas verdades são rejeitadas por aqueles chamados “irmaos” que têm assumido uma postura ecumênica de aceitar doutrinas protestantes.
Se Jesus podia chamar o livro dos Salmos de “lei”, João 10.34ss, não podemos identificar o livro de Atos como revelação do plano de salvação nos seus importantes detalhes? Claro que sim!
Já nos anos 90 havia tendência dos falsos mestres entre nós de diminuir o papel da Bíblia para a fé. Especialmente procuram descartar as partes da Bíblia que não concordam com suas teologias falsas.
(1) A doutrina é ensinada pela história. O livro de Atos é, na maior parte, um livro de história. Mas a doutrina bíblica não é limitada às partes ou aos livros que fazem apenas afirmações doutrinárias. Por exemplo, conhecemos quem é Deus pelo que ele fez na história. Leia Salmo 136 como ilustração disso.
(2) Exemplos aprovados pelas Escrituras estabelecem a doutrina. Os exemplos de conversões no livro de Atos servem para nós hoje. Eles nos mostra o que se deve fazer para receber a salvação em Cristo. Há também os exemplos de sair pelo mundo pregando o evangelho, conforme Atos 1.8, para chegar até Roma.
(3) O livro de Atos tem sido reconhecido por muitos como o livro do Espírito Santo. Papel central dele era de trazer à igreja os dons miraculosos no primeiro século e inspirar os homens de Deus para comunicar o plano de salvação aos perdidos. Foi isso que Jesus tinha prometido (leia os capítulos 14─16 do evangelho de João).
(4) Quem afirma que o livro de Atos não é um livro doutrinário está repetindo falsos mestres como o americano Steve Brown, religioso protestante que disse no ano de 2021: “Não construa sua vida com uma doutrina que você encontrou no livro de Atos”. Isso porque, para ele, o livro é apenas uma “transição” entre os evangelhos e as cartas como a de Romanos ─ livro que tem primeiro lugar para os protestantes. Esta posição serve os propósitos dos ecumênicos entre nós de diminuir o papel da sã doutrina na igreja de Deus.
Contudo, o livro de Atos, como continuação do evangelho de Lucas, é livro de grandes doutrinas. Há artigos, obras e comentários sobre a “teologia” (doutrina) do livro. Um autor começou um artigo sobre Atos assim:
Há um terceiro elemento do Livro de Atos que não pode ser ignorado. Lucas é um teólogo e seu livro está dizendo ao leitor sobre a obra de Deus no mundo. Ele tem uma grande variedade de interesses teológicos, como como o plano de Deus está se desenrolando na história, ou o movimento do Espírito Santo à medida que o evangelho se move para novas áreas do mundo. O recente livro de Darrell Bock, The Theology Luke/Acts, demonstra que Lucas tinha muitos interesses teológicos que administram esses dois livros e há dezenas de livros sobre Lucas como teólogo.
Ele escreveu ainda em seguida:
A agenda teológica de Luke é a principal razão pela qual ele escreve Atos. Enquanto ele preserva a história de uma maneira atraente e divertida, seu principal ponto para apresentar uma agenda teológica específica.
Isso parece um livro do qual não se deve tirar nada de doutrina?
Num artigo a seguir falaremos sobre alguns ensinamentos que se destacam no livro de Atos.
Mas já se pode saber que quem procura diminuir o livro de Atos como fonte de doutrina promove uma agenda escusa, ou está muito ignorante quanto às informações que vive repetindo.
Sim, o livro de Atos revela doutrina. Como alguns dentre nós chegou a esta conclusão? Através de um estudo acurado e aprofundado das Escrituras. Por isso e por outras razões eu sempre tenho afirmado: a igreja precisa de mestres e doutores (Ef4:11, At13:1) que sejam capazes de convencer os contradizentes. Existem em nosso meio uma certa “romantizacão” de que basta APENAS abrir a Bíblia e ler que se entende, sem a necessidade de um interprete. Devido os abusos do mundo denominacional em relação a uma formação teológica dos “pastores”, alguns dentre nós têm tomado uma postura radical de ser contra qualquer menção de “teologia”. Acredito que um conhecimento sólido da Sã Doutrina pode e dever andar junto com a piedade. Que o Senhor nos ajude nisto.