Minha família acha que sou louco!

Então a mãe de Jesus e seus irmãos chegaram. Ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Muita gente estava sentada ao redor dele. E lhe disseram: “Olha, sua mãe e seus irmãos estão lá fora procurando por ti”. Ele respondeu: “Quem são minha mãe e meus irmãos?” Então olhou para os que estavam sentados ao redor dele e disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” Marcos 3.31-35 TRM.

Quem podia falar as palavras do título era Jesus. E muitos dos seus seguidores também.

Jesus vai muito além da afirmação de Provérbios: “existe amigo mais apegado que um irmão” Provérbios 18.24. Este texto reconhece que os laços físicos de parentela nem sempre são os mais fortes.

Mas Jesus cria uma nova realidade em termos de relacionamentos. Ele estabeleceu a igreja como família da fé. Diferente do povo de Israel que tinha por início a descendência física de Abraão (ver João 8.39), a própria base da igreja é o nascimento espiritual, o de água e Espírito, João 3.3, 5. Este nascimento ocorre por ação de Deus e também por decisão de quem recebe a imersão na água para o perdão dos pecados. No texto acima, Jesus resume a relação como o fazer a vontade de Deus.

Esta família é inclusiva, pois Jesus recebe “todo aquele” que faz o que Deus quer. Dessa maneira, ela é inclusiva e exclusiva ao mesmo tempo. Qualquer um pode fazer parte, desde que faça a sua vontade e obedeça aos seus mandamentos. A entrada fica aberta para qualquer pessoa disposta a ouvir e aceitar a mensagem do evangelho. Estas condições definem os parâmetros da família da fé. Os que não os aceitam ficam por fora — de fato, são conhecidos como “os de fora”. O trabalho da família da fé é trazê-los para dentro.

Jesus estabelece também a prioridade da família espiritual, acima da física. Ele recusou atender o pedido da sua mãe e irmãos. Não permitiu que eles interferissem no seu serviço a Deus. Não desrespeitou a família física, mas não atendeu às suas demandas, pois vieram fazer uma intervenção que pensavam ser para seu próprio bem. Achavam que estivesse fora de si, Marcos 3.20-21. Tal opinião é comum da parte dos familiares daquele que faz a vontade de Deus, pois consideram o novo convertido exagerado, radical ou mesmo louco. É preciso, portanto, dar mais importância ainda à família da fé para resistir às pressões.

“Esta é uma declaração chocante em uma cultura onde a família, o clã e a nação tinham a lealdade máxima de alguém. Jesus define sua verdadeira família não por laços físicos, mas por laços espirituais — aqueles que fazem a vontade de Deus.

“Em resumo, esta intercalação (sanduíche) mostra o próprio povo de Jesus — sua família e os líderes de Israel — rejeitando-o, e o estabelecimento de novos relacionamentos familiares. Esta mensagem teria grande significado para a igreja dos dias de Marcos, onde seguir Jesus frequentemente resultava em rejeição pela família, amigos e sociedade. Isto também tem uma aplicação para nós hoje. Nossos verdadeiros irmãos e irmãs não são nossa família física, nem aqueles de nossa raça ou etnia. Em vez disso, eles são nossos irmãos e irmãs espirituais ao redor do mundo” (TGC).

Pai nosso que está nos céus, obrigado por nos formar como sua família espiritual. Ajuda-me a valorizar cada vez mais a igreja composta dos irmãos em Cristo. Amém.