As versões bíblicas usam os termos remanescente ou resto para falar de uma triste realidade dentro do povo de Israel. A maioria do povo era teimoso e rebelde. Deus castigou o povo por isso. Sobrou um número menor. Foi ato de misericórdia quando Deus reuniu o que restou. O irmão Everett Ferguson escreveu que “poucos eram o que o todo devia ser” (The church of Christ, Grand Rapids: Eerdmans, pág. 78).
O remanescente de Israel foi reduzido a uma só pessoa: Jesus, o Justo, At 3.14; 7.52; 22.14. Da sua morte ressurgiu um povo novo; foi estabelecida a igreja. Ela é o que Israel devia ser, 1 Pedro 2.9-10.
Mas mesmo dentro da igreja, nem todos são o que deveriam ser. Jesus disse aos Doze: “Vocês estão limpos, mas nem todos” João 13.10. O Senhor deixou isso claro também nas suas palavras direcionadas às sete congregações da Ásia, Ap 2─3. Uma delas já corria risco de perder seu lugar.
É desejo humano saber quantos serão salvos. Alguém perguntou ao Senhor: “Senhor, serão poucos os salvos?” Lucas 13.23. Ele deu a entender que poucos serão salvos, mas deixou claro que a preocupação maior é cada um cuidar da sua própria salvação: “Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” v. 24.
Mais cedo, os discípulos maravilhavam-se com a morte terrível sofrida por alguns galileus e pensavam que a causa fosse a natureza terrível dos seus pecados. Jesus mandou cuidar do próprio arrependimento, Lucas 13.1-5. Deus sabe quem são os seus, 2Tm 2.19 citando Nm 16.5. Ele conhece o coração e a mente de cada um. Nós não devemos julgar ao irmão, Rm 14.1-19; Tg 4.11-12.
Ao mesmo tempo, Jesus manda julgar o ensino e as ações, Jo 7.24: “Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”. O padrão da santidade é claro e definido. A verdade é simples e verificável. O modelo tem de ser seguido. A fidelidade não é opcional. A vontade de Deus não pode ser relativizada.
O estado dividido das religiões é lamentável. Mais triste ainda são os facciosos que surgem no nosso próprio meio, embora o Senhor Jesus e os seus apóstolos e profetas tenham nos alertado. Mas no meio do erro a verdade se destaca, 1Co 11.19: “Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados”.
Sobre este texto o irmão R.C. Kelsey escreveu: “As facções são lastimáveis e algumas vezes também inevitáveis, mas algum bem decorre delas, porque são manifestados aqueles que são verdadeiros e fiéis” (1 Coríntios, SJCampos: Alcance, no prelo).
O mesmo sentimento foi expressado pelo irmão Antônio Roberto Andrade: “Existindo o mal na natureza humana, Deus permite às vezes que apareça em toda a sua potência, para preservar os seus e para exercer um juízo sobre o culpados que não aproveitam a ocasião de arrepender-se e voltar a ele” (“Cartas aos coríntios”, Belo Horizonte: Centro de treinamento cristão, s.d., pág. 94).
Esta colocação lembra do apóstolo João, escrevendo sobre os falsos mestres: “Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” 1Jo 2.19.
A igreja continua sendo um remanescente. Todo esforço é feito pelos fiéis para corrigir os que ensinam o erro e incentivar os fracos na fé. No final, porém, permanecerá um remanescente dentro do povo de Deus, porque ele é composto por aqueles que conservam o ensino original: “Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai” 1Jo 2.24.
Deus pode criar, ou permitir que se forme, o remanescente em vários momentos da história. Isso ocorreu no final do século 19 nos EUA, quando a irmandade foi dizimada pelos progressistas, com a perda da maioria dos irmãos, e dos seus prédios e escolas. Contudo, isso permitiu, a partir da década de 1940, um crescimento que tornou a irmandade no grupo que mais cresceu dentro daquele país.
Pode ser que seja o nosso momento no Brasil agora em situação semelhante para ser remanescente, depois do abandono da verdade pela maioria ─ é preciso confessar que somente o Senhor conhece o futuro.
Chegou o tempo em que não suportam mais a sã doutrina, 2Tm 4.3. Correm atrás de mestres que falarão o que querem ouvir. Irmãos “juntarão” falsos mestres. Acumulam tais pessoas, buscando gente para aprovar “seus próprios desejos”, como se o número de mestres pesasse mais do que a verdade. Em tais momentos, Timóteo tinha que pregar a palavra da verdade em todo o tempo.
Para fazer isso, Timóteo não podia ser covarde, mas sim depender do Espírito “de poder, de amor e de equilíbrio” 2Tm 1.7. Tinha que ser disposto a sofrer pelo evangelho, 2Tm 1.8-12. Precisava reter “o modelo da sã doutrina” que tinha ouvido de Paulo, 2Tm 1.13. Timóteo precisava imitar a convicção e a certeza de Paulo, 2Tm 1.12. Ele precisava “permanecer nas coisas que aprendeu e das quais [tinha] convicção” 2Tm 3.14.
É justamente esta certeza do evangelho e esta convicção da verdade que impulsionam os discípulos hoje a proclamar o evangelho imutável. Deus quer que todos sejam salvos. Podem ser mais pessoas salvas pela nossa obediência na evangelização. Uma coisa é certa: quem deixa de obedecer, mesmo entre os discípulos, não fará parte dos salvos, seja seu número pequeno ou grande.
Israel confiava nos deuses pagãos, numa adoração de ritual e na edificação física do templo em Jerusalém. O remanescente “aprenderá a depender verdadeiramente de Javé, o Santo de Israel” Is 10.20 IEB. Assim farão todos os fiéis que andam fielmente nos caminhos do Senhor.
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Infelizmente a muitos irmãos e ate congregação inteira que não estão vivendo o verdadeiro evangelho do 1 século, precisamos voltar a san doutrina de Jesus Cristo.
Que prestemos muita atenção no ecumenismo que está no nosso meio. Aceitando ensinamentos de homens que professam outra fé e outra doutrina.
2 João 9-10