Conte o leitor o número de vezes que Moisés afirmou, em Gênesis 1, que Deus viu o que tinha criado e concluiu que era bom. A repetição da frase chama atenção para o propósito e para a qualidade do que Deus estava fazendo. Tudo estava correndo exatamente conforme os planos. No final, depois de tudo feito, “Deus viu que tudo o que tinha feito era muito bom”. O advérbio acrescenta, de forma sutil, a informação da satisfação de Deus por tudo o que tinha feito. Se o processo foi bom, o resultado foi melhor ainda. Assim, ficou possível cumprir o propósito e dar seguimento aos planos.
Somente um Deus bom pode produzir algo que seja bom. Um salmista que conhecia bem a palavra criadora de Deus afirmou: “Tu és bom, e [tudo] o que fazes é bom; ensina-me os teus decretos” Salmo 119.68. O Deus bondoso leva o homem a desejar saber os seus pronunciamentos, seus mandamentos e os detalhes da sua vontade. Se ele tem experiência do mundo físico, como deve ser bom também o espiritual! Deus é espírito, então o espiritual deve se aproximar mais ainda da bondade dele.
O homem Deus criou por último. Tudo foi criado em função dele. Tudo tinha que estar preparado para o homem habitar o seu lar, dominar sobre os animais, cuidar do seu jardim. Somente o homem recebeu a estampa da imagem de Deus. Ele era, e ainda é, especial, sem igual, no mundo material. O homem domestica o animal, torna-o de estimação e até o chama, absurdamente, de filho, mas os dois têm pouco em comum. É com Deus que, apesar da Queda, o homem tem em comum a capacidade de pensar, sentir, escolher e comunicar. Somente o homem entrará para a eternidade, possuindo espírito e alma. Deus enviou o Filho — adiantamos agora na história — não para ajudar anjos, mas homens.
Tanto é o homem no pináculo da criação, que um relato só não é suficiente. O segundo capítulo de Gênesis oferece mais detalhes, expande o momento e a importância dessa criatura que Lucas, mais tarde, chamará de “filho de Deus”. Essa filiação será manchada e ofuscada, tão apagada que será necessário um Operação Especial para restaurá-la. O homem perde o que é mais precioso, mas esse capítulo será contado depois. E que capítulo triste será!
O Deus único que vive em sociedade (o paradoxo começa logo na história) cria à sua imagem o homem que também vive em sociedade. Ele não criou apenas um Indivíduo, mas sim um Par, um Casal. O homem, sozinho, se sente solitário. Ele não foi criado para permanecer sozinho. Se a criação foi boa, não foi boa a sua solitude. Primeiro, o Senhor permite que Adão, o homem, perceba que, entre os animais, não havia para ele a desejada companheira. Quando a mulher é criada e lhe é apresentada pelo Senhor, é possível ouvir nas palavras de Adão a alegria e a admiração por dádiva tão grande.
O homem fica feliz com sua mulher e a situação é perfeita, como tudo o que Deus criou. Melhor que isso, impossível.
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Amém, Deus é bom!