Veio a seguinte pergunta sobre a oração: Deus responde a todos que clamam ao seu nome?
Deus não responde a todas as orações. Isso fica claro desde o Antigo Testamento. Por meio do profeta Isaías, o Senhor falou ao povo de Israel: “De que adianta jejuar, se continuam a brigar e discutir? Com esse tipo de jejum, não ouvirei suas orações” Is 58.4. Se é verdade que Deus não responde à oração de alguns, convém buscar saber quais as condições necessárias para que Deus ouça e responda.
A declaração do homem curado da cegueira expressou exatamente o ensinamento do Antigo Testamento: “Sabemos que Deus não ouve pecadores, mas ouve o homem que o teme e pratica a sua vontade” Jo 9.31.
O Senhor detesta o sacrifício dos ímpios, mas a oração do justo o agrada. Pv 15.8.
O Senhor está longe dos ímpios, mas ouve a oração dos justos. Pv 15.29.
Os autores do Novo Testamento reafirmam este princípio:
A oração de um justo é poderosa e eficaz. Tg 5.16.
Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal. 1Pe 3.12, citando Sl 34.
A condição para que a oração seja aceita por Deus é o coração humilde e arrependido — a pessoa tem de deixar de pecar para obedecer ao Senhor, 2Cr 7.13-16. Faz diferença, também, as motivações que nos levam a fazer oração. Aqueles que oram para ser reconhecidos pelos outros nada receberão de Deus: “Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa” Mt 6.5. E Tiago ainda afirma: “Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres” Tg 4.3.
Convém lembrar as palavras de Jesus em Mt 7.21: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. Usar o nome de Deus ou o nome de Jesus não é chave secreta para receber uma resposta. Entrar no Reino ou receber resposta à oração depende de fazer a vontade do Pai que está no Céu.
A oração é privilégio do povo da aliança de Cristo. Por exemplo, Jesus estabeleceu a ceia dominical por meio do sangue da aliança. Quem tem direito de comer a ceia é aquele que foi salvo pelo sangue de Cristo e inserido dentro da sua aliança. Da mesma forma, a oração é reservada para o povo da aliança. Não é à toa que Daniel começou sua oração com menção da aliança ao se dirigir ao Senhor: “Ó Senhor, Deus grande e temível, que manténs a tua aliança de amor com todos aqueles que te amam e obedecem aos teus mandamentos, (…)” Dn 9.4. Ou, para expressar esta verdade de outra forma, são os filhos de Deus que têm direito de pedir do Pai celestial. Por isso Jesus fez comparação e contraste entre pais físicos e “o Pai de vocês, que está nos céus, [que] dará coisas boas aos que lhe pedirem” Mt 7.7-11.
Qual a oração de uma pessoa que não pertence à aliança de Cristo? Qual pedido pode fazer tal pessoa de Deus? Por salvação? Não, porque é preciso obedecer à Boa Nova de Cristo pois a salvação não é recebida pela oração. Por crescimento espiritual, ou conversão de outros? Não, porque tal pessoa nem nasceu de novo, nem se converteu ainda.
Mas se a pessoa for sincera no seu pedido? É preciso considerar as limitações da qualidade da sinceridade no plano de Deus. Se a sinceridade não é qualidade suficiente para alguém ser salvo, como pode a sinceridade, por si só, qualificar uma pessoa para ser atendida por Deus na oração? A sinceridade é necessária, mas não suficiente!
O apóstolo João resume bem a questão sobre as condições necessárias para que Deus ouça e responda às orações: “Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá” 1Jo 5.14.
Este artigo é um excerto de um capítulo da obra em preparo: Esclareça suas dúvidas, a ser publicada pelo Projeto Alcance. Assine este site para saber quando o livro será lançado.